HISTÓRIA DO ATEÍSMO: OS DESCRENTES DO MUNDO OCIDENTAL, DAS ORIGENS AOS NOSSOS DIAS
GEORGES MONOIS
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Editora Unesp
Área FILOSOFIA
Idioma Português
Número de páginas 764
Edição 2014
ISBN 9788539305247
EAN 9788539305247
O ateísmo é tão antigo quanto as religiões, que durante muito tempo o moldaram e perseguiram. No entanto, se existem estudos profundos e abundantes acerca da história das religiões, impera um vazio historiográfico sobre a descrença. Esta obra, de Georges Minois, é uma contribuição seminal para o preenchimento dessa lacuna, para ele fruto, principalmente, da conotação negativa que se atribuiu ao ateísmo ao longo dos séculos. Tal conotação estampa-se já nos termos usados para designá-lo, constituídos de prefixos privativos ou negativos: ateísmo, descrença, agnosticismo, indiferença. E ainda na intolerância da cultura ocidental em relação ao descrente: "A palavra ateu ainda carrega um vago odor de fogueira", escreve Minois. Monumental, a pesquisa abrange desde os povos primitivos até a cultura ocidental do século 21, mostrando que a história do ateísmo não é linear - não parte de um cenário exclusivamente religioso para chegar a um trunfo absoluto da descrença. Ao contrário, demonstra Minois, ateísmo e fé convivem lado a lado na trajetória humana, contrapondo-se, como duas faces da mesma moeda. Suas feições, porém alternam-se através do percurso. Segundo Minois, quando as sociedades voltam-se à razão e a tomam como guia capaz de lhes revelar aos poucos o sentido da vida, emergem correntes como uma "grande religião" e o ateísmo teórico. Ambos expressam uma reflexão intelectual sobre o universo: "Nesses períodos, a razão serve para reforçar a fé em alguns e destruí-la em outros, porém ela é referência para todos". O historiador identifica quatro fracassos sucessivos da racionalidade na história da cultura humana, aos quais se seguiram crises de irracionalidade: racionalidade pagã, racionalidade escolástica, racionalidade cartesiana e racionalidade científica. O Ocidente estaria passando, desde o fim do século 20, pela quarta crise de irracionalidade, o irracionalismo do fim do milênio, após ter atravessado o irracionalismo do fim do mundo antigo, o irracionalismo do fim da Idade Média e da Renascença e o irracionalismo romântico.